O dia amanheceu ensolarado, acordamos com o Peru atrás da barraca e fazendo seus "Glu-glus". Café da manha tomado, crianças entusiasmadas e energizadas para aventura. Logo saindo do camping do Zé Roque, as crianças ficaram loucas de vontade para andar nos pedalinhos, conseguimos "negociar" e seguir caminhada, pouco mais a frente nova descoberta, a casinha do Tarzan e os balanços, nessa não teve "negociação", paradinha de 30´minutos até as crianças enjoarem dos brinquedos. Retomada rumo a cachoeira, antes mesmo de pegar o calçadão que dá acesso a cachoeira nos deparamos com o pessoal do boiá-cross, ou como os campistas do Zé Roque apelidaram "enrosca bóia", já que no caminho do rio haviam muitas pedras, os aventureiros das bóias na maioria do caminho tinham que descer p/ desenrosca-las. Mesmo assim fiquei com vontade de me aventurar, mas por receio das crianças se machucarem nas pedras, a idéia foi descartada.
A cachoeira fica aproximadamente uns 10 minutos de caminhada do camping, a estradinha que dá acesso até a praça comercial antes da trilha da cachoeira é de calçamento, não se tem acesso de carros até lá o que torna a caminhada mais tranquila, segura e agradável, ainda mais p/ quem tem crianças e não precisa ficar dividindo espaço com os carro. Para quem vai de carro, tem um estacionamento logo no começo do calçadão. A praça comercial antes da trilha tem lojinhas de lembranças e alguns restaurantes, todos com preços justos e comida farta.
Ao entrar na trilha da cachoeira, logo de cara nos deparamos com uma bela morena, de biquine deitada sobre as pedras fazendo pose enquanto sua amiga batia algumas fotos. Assim como eu, vários outros marmanjos barbados tentando resistir de NÃO olhar, enquanto nossas esposas fiscalizavam para que lado iam nossos olhos, sob pena de advertência, multa e repreensão. Algumas esposas que ali estavam, incomodadas como o exibicionismo da bela morena, tentavam apressar o passo da caminhada, algumas até mesmo puxando seus maridos pelo braço. Para não dar B.O. com minha esposa, preferi não registrar esse fato com fotos, mas mesmo eu tentando não olhar, o pequeno Dudu no meu colo, virou minha cabeça na direção da morena, apontou e disse "-Papai, bunda, bunda...".
Na trilha existem várias pontes de madeira sobre o curso das águas que cortaram o terreno em várias pequenas ilhas, tornado um espetáculo de paisagens, o lugar é super conservado e existem várias placas orientando o turista a não jogar lixo e manter a conservação da natureza. É PROIBIDO entrar na trilha com comida, latinhas de refrigerante, cerveja ou garrafas descartáveis, PROIBIDO também, acampar, acender churrasqueira ou fogueiras na área de conservação.
A corredeira é rasa, água bem gelada e de coloração acastanhada devido ao desgaste das pedras e seus minerais. Água limpa que dá vontade de beber, pelo menos meu Duduzinho tomou bastante entre uma advertência e outra, e até o presente momento nenhuma consequência ou sequela disso. As crianças se divertiram bastante em brincar na corredeira.
Eu mesmo não pude resistir, e acabei entrando na água também. O lugar é encantador, com facilidade no caminhar você perde a noção de tempo. Cada cantinho que você olha vai encontrar algo que te chame atenção e te prender nos detalhes. O som da água correndo, som da cachoeira mais ao fundo, os pássaros cantando, o vento balançando a copa das árvores e o cheiro do mato e da água.
Uma verdadeira terapia para aqueles que assim como eu vivem o estresse diário da cidade do trânsito e de passar o dia todo no escritório em frente a um computador por incansáveis horas.
Tentamos chegar o mais próximo possível da cachoeira, logo no inicio da subida das pedras encontramos uma certa dificuldade, não que fosse difícil, até mesmo porque eu e minha esposa já fizemos até rapel em cachoeira (Brotas), mas por conta das crianças, os pequenos não conseguiram escalar algumas pedras, minha filha Isa, chegou até mesmo ralar o joelho num escorregão, mesmo assim não perdeu a esportiva e encarou o desafio.
Meu pequeno Dudu queria seguir mais adiante, ficava apontando em direção a cachoeira e mandando eu ir alem. Numa futura aventura, com ele um pouco maior, eu vou tentar tomar um banho no pé da cachoeira, descarregar o estresse acumulado. Sentir essa força e beleza da natureza, quem sabe até mesmo fazer um rapel. Alias não vi ninguém praticando essa modalidade por ali, talvez nesse dia não tivesse nenhum grupo.
A hora de almoço aproximava, de longe já dava p/ sentir o cheiro que vinha dos fogões a lenha dos restaurantes, a fome bateu, dava p/ ouvir o barulho do estômago gritando, nessa hora, a caminhada foi apressada, por um lado eu e minha esposa acelerando p/ chegar ao restaurante, do outro as crianças tentando desacelerar p/ brincar um pouco mais na trilha e deslumbrados com cada descoberta que faziam, das teias de aranhas, dos insetos e dos animais que achávamos pelo caminho e nas árvores. Quando chegamos na praça, ficamos perdidos, em qual restaurante ir, todos eram bons, de todos os lados vinham os aromas da boa comida misturada com o cheiro da lenha queimando, ainda mais p/ gente que na noite anterior havíamos passado com salsicha, almondegas e macarrão empapado.
Decidimos pelo "Restaurante Cachoeira", esse cabe no conceito (3B-bom, bonito e barato), logo que entramos, perguntamos se aceitava cartão.
NÃO ACEITA NENHUM TIPO DE CARTÃO.
Poderia ser um ponto negativo, mas esse restaurante, alem do conceito (3B), se enquadra no também no conceito CAMARADA, ponto mais que positivo. O gerente nos deu a opção de depositarmos na conta do restaurante ou pagar no dia seguinte, optei na segunda opção, honrando o compromisso no dia seguinte.
A comida é de primeira, tem um fogão a lenha gigante, com diversas opções de comidas, misturas, saladas e sobremesas. Comida sempre quente, e mal as panelas estavam na metade, já aparecia alguem da cozinha com outra cheia. O atendimento rápido com garçons de uma simpatia enorme, nota 10 com louvor. De tão boa a comida, perdi os modos e a educação, fiz um prato gigante, daqueles tipo "montanha", Não consegui colocar tudo que gostava no prato, tive que dar uma segunda viagem no fogão. Meu Duduzinho me acompanhou nos pratos "monstros" e comeu até estufar a barriga.
Saindo do restaurante, vimos uma agitação de pessoas, era uma turma brincando no "TIBUM", não deu p/ resistir, tive que colocar minha esposa lá debaixo (contra a vontade dela é claro).
Um brinquedo simples e super bem bolado, é uma gruta de pedras, dentro dela tem uma canaleta e logo acima fica um tambor preso por uma cinta de metal pouco abaixo da metade, no fundo um pequeno peso p/ quando tiver vazio voltar a posição de pé, esse tambor é abastecido de água de uma mina encanada, quando cheio o tambor desequilibra, vira e desce uma enchurrada de agua em cima de quem tiver embaixo. é uma ótima idéia p/ tirar ressaca ou p/ dar uma acordada depois de um almoço tão bom.
Voltando ao camping do Zé Roque, as crianças relembraram da "negociação" sobre o pedalinho, e ficaram o caminho todo cobrando, não tive como escapar, promessa feita tem de ser comprida. Ainda mais quando as crianças se comportaram tão bem. Alem do mais, foi ótimo p/ ajudar na digestão, de tão cheio, o estomago lotado me incomodava durante a caminhada.
Chegando ao camping do Zé Roque, criançada indo tomar um bom banho quente no delicioso chuveiro aquecido no fogão a lenha, hora da naninha da tarde, soninho sagrado p/ repor as energias, e dar um tempinho p/ os pais conversarem e planejar o passeio da noite.
-Informações básicas:
Restaurante Cachoeira: 18,00/pessoa, crianças até 5 anos não pagam. Não aceitam nenhum tipo de cartão.
Enquanto as crianças dormem, os pais ficam brincando com a câmera fotográfica.
Um abraço.
Família costa.